sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Etc e TAL




No dia 11 de agosto de 2016 aconteceu a culminância dos Projetos TAL (Tempos de Arte Literária), FACE (Festival  Anual da Canção Estudantil), AVE (Artes Visuais Estudantis) e OLP (Olimpíada de Língua Portuguesa), na Escola Estadual Eduardo Spínola, com os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, sob a coordenação das professoras Ivoneide Oliveira, Gilcácia Santana, Marise Guedes, Raimunda Correia e o apoio musical do professor Odilon Mesquita.
Foram apresentados gêneros textuais como, poemas, memórias literárias, crônicas,  músicas e pinturas para serem  apreciados e avaliados pelo corpo de jurado, composto pela professora Marisete Kruschewsky (Projeto Gestar), Felippe Alves (professor de Educação Física), Laura Nunes (professora de dança) e Mariane Guedes (representante do Coral da Uesc).
Depois da análise de vários textos admiráveis, foram escolhidos assim: no gênero crônica  para representar a escola no Tal na etapa regional, Tão longe e tão perto, da aluna Natália Barbosa (9º ano); no gênero poema, para a OLP, Da roça, sim senhor, do aluno Luís Felipe (6º ano) e, no gênero memórias literárias, o texto A inesquecível micareta, da aluna Ana Luiza França (8º ano), e do  gênero crônica, para o mesmo projeto,  O recomeço, de Emanuel Davi (9º ano); para o FACE, a música Realidade, de Vitória Pimenta (9º ano), que se rejeitou  fazer as gravações necessárias e,   para as próximas etapas segue o segundo lugar, de Otávio Souza (8º ano), o rap Brasil; do AVE, a pintura em tela  Eu, a paz e a natureza, do aluno Cleyton Ferreira (9º ano).
Durante a exposição dos textos foram intercaladas dramatizações de crônicas de autores conhecidos, de renome nacional, que fazem parte do Projeto de Leitura .
Sendo assim, os textos selecionados seguirão as etapas subsequentes e, a seguir, eles serão publicados.

Agradecimentos aos participantes e a todos, que contribuíram de alguma maneira para o sucesso do evento.


Da roça, sim senhor (Luis Felipe/ 6ºano/poema OLP)

A planta juçara dá nome
À região em que resido
É alta palmeira
Onde se extrai o palmito

O verde estampado
É a cor predominante
No ribeirão , água transparente
Geladinha, congelante

No meio das árvores
Frutas  estão escondidas:
Cajás, mangas, laranjas
Prontas para  serem comidas

                   Tem vários animais:
                        Pato, pintinho, peru, pavão
                                               Todos dormem cedo
                                           Com medo da escuridão

                                           Abro a minha janela
                                          E vejo essa vida natural
                                          Percebo como sou feliz
                                         Solto  como um pardal

                                           Acordo bem cedinho
                                         O galo é o despertador
                                         De bobo não tenho nada
                                      Sou feliz onde estou

Sob a orientação da professora Ivoneide Barbosa



A inesquecível micareta (Ana Luiza França/8°ano/memórias literárias OLP)

A micareta tinha os trios Tapajós, Estrelas e Novos Bárbaros. Eu participei da Escola de Samba Acrísio. Eu estava com várias meninas que participavam da escola de samba. Todos sambavam, a minha roupa era azul com várias lantejoulas prateadas com um enorme enfeite de isopor na cabeça e, mais detalhes de pedaços de espelho, lantejoulas e fitas de cor de prata.
Essa micareta foi muito importante para mim, porque não foram trios, foram tradições que eram blocos, festa no Clube dos Comerciários e vieram várias bandas com vários cantores. Nesse tempo que havia essas festas, as pessoas respeitavam  uns aos outros e sabiam quando iam e quando voltavam, porque não existiam esses jovens de cabeças vazias, pois os pais sabiam dizer quando era a hora de ir e de voltar, e os filhos obedeciam.
A escola de samba tinha várias pessoas  que só podiam ir com a ordem dos pais, porque senão, não participavam. Nós ensaiávamos em frente à casa do dono da escola de samba, que era em frente ao Clube dos Comerciários.
Nesse tempo era maravilhoso participar de qualquer festa e atrações. As ruas eram enfeitadas com vários detalhes e, nos portões, as pessoas colocavam as caixas de som que vinham de outra de outra cidade, o chamado King Som. As ruas eram pintadas, havia muitas barracas com frutas, doces, bebidas e outras com brinquedos, maçãs do amor, máscaras.
Os trios saiam da Casa Branca, que era o Hotel Tropical. A dona desse hotel era Sônia Cunha e seu esposo, Joilson Filadelfo, o presidente do Clube dos Comerciários.
Os trios iam passando pelas ruas principais, a Avenida São Vicente de Paula e, em seguida, parava na Praça Henrique Sampaio. Quando passavam pelas ruas da cidade, arrastava muitos foliões e a alegria das pessoas também era vista nas janelas e nas varandas. Na Praça Henrique Sampaio, muitos se arriscavam em cima das árvores, para poder ver melhor as atrações que não eram poucas. No primeiro andar das Casas Pernambucanas, as pessoas ficavam olhando e fotografando blocos e os trios.
A micareta era muito animada! Para que as bandas se apresentassem, colocavam um grande palanque na Praça Henrique Sampaio. Nele também ficavam o prefeito e os vereadores, eles davam a nota de qual era a melhor.
Como poderia me esquecer da Escola Vai e Vem?! Essa era da finada Dona Preta, irmã do finado Acrísio. Eu também queria participar da Escola Vai e Vem, mas já tinha sido convidada para a do Acrísio, não dava para recusar.
Durante a abertura dos festejos, o rei ficava no trio para receber a chave que abria e fechava a cidade. Todo ano mudava de rei. Ao receber a chave, o rei participava dos quatro dias de festejo da micareta e só retornava no próximo ano para entregar a chave ao próximo rei.
As músicas da época foram muito marcantes, eram da Sara Jane, “Abre a rodinha”, no trio Tapajós.  O trio de Iemanjá vinha de Ilhéus e tocava várias músicas. Simone Moreno cantava no trio Novos Bárbaros. Mas a que eu gostava era mesmo da Sara Jane, “Abre a rodinha”, que fez um grande sucesso. Eu tenho muitas lembranças boas quando ouço tocar algumas músicas dela, da Simone Moreno e do Luiz Caldas.
Ah! Aqui em Ibicaraí também tinha um trio que era de um grande amigo do meu pai, o irmão de Eraldo e de Rubens, que trabalha na SAAE. Esse trio não tinha cantores, só tinha instrumentos que os componentes tocavam: o tambor, a zabumba, a sanfona e outros. Das suas caixinhas, saía um som muito bom que dava gosto de pular arás do trio, porque “atrás do trio, só não vai quem já morreu”!

Sob a orientação da professora Marise Guedes



 O recomeço (Emanuel  Davi/9º ano/crônica OLP)

Dia ensolarado. Quarta-feira. 1976. Nessa bela tarde, várias pessoas se encontravam nas ruas de Ibicaraí. Conversavam sobre suas vidas, trabalho, filhos. Enquanto outros se dedicavam em conversas sobre a vida de outras pessoas.
Era uma casa de cor branca, portas verdes e um telhado meio velho. Nela morava uma senhora de cabelos grisalhos, envelhecidos pelo passar dos anos, sua pele era branca e enrugada, os olhos castanhos. Ela se encontrava deitada no sofá da sua sala, sonolenta, quase dormindo, quando de repente, levantou seu olhar sobre a estante onde estava um copo d’água. Anda em direção ao copo e, ao pegá-lo, ouve o som do espelho do seu quarto estilhaçar ao cair no chão. Ela corre com uma pequena dificuldade até a porta que se encontrava fechada e  ao abri-la, vê todos os seus vizinhos do lado de fora de suas casas apavorados por também sentirem o tremor.
Anda poucos metros. Um tremor quatro vezes mais forte do que ela. Havia sentido estremecer o chão de tal forma que derrubou a pobre idosa no chão, deixando cair também o copo de água. Todos começaram a correr desesperadamente enquanto aquela senhora, ainda caída, corre o seu olhar na casa à sua volta, caindo aos pedaços. Seus olhos se arregalaram e uma lágrima escorreu às suas bochechas enrugadas ao ver sua humilde residência desmoronar.
De repente, um homem pardo, de físico forte, olhos castanhos e cabelos pretos puxa a senhora pelo braço, evitando que a parede caísse sobre ela. Com uma voz trêmula e calma ela diz: “Obrigada” e coloca a sua mão sobre a bochecha do rapaz. Continua falando: “Se não fosse por você, não sei o que seria de mim”.
Ele deu apenas um leve sorriso, mas nada disse.
A senhora, se apoiando em um dos ombros do rapaz, começou a caminhar lentamente no meio da rua. O ar estava difícil de  respirar, pois uma enorme onda de poeira cobria o céu de Ibicaraí, naquela tarde.
Andaram um pouco. A senhora tropeça numa pedra, torce o tornozelo, chora e geme de dor. O homem começa a gritar e pede por socorro, mas ninguém aparece.
Ele pega a senhora nos braços e começa a andar rápido, na esperança de não ocorrer outro terremoto ainda pior.
Seus olhos já cansados  avistam dois faróis de uma ambulância que, aos poucos, ia se aproximando. Socorristas descem da ambulância. Um deles pega a senhora quase desmaiada e coloca na maca. Aí eles deram os primeiros socorros e partiram para o hospital. O anjo que ajudara aquela senhora ficou para trás, para ajudar outras pessoas.

Sob a orientação da professora Marise Guedes



Tão perto e tão longe (Natália Barbosa/9°ano/crônica TAL)

A grande vantagem de morar em uma cidade tão pequena como Ibicaraí, deveria ser a proximidade das casas dos amigos. Claro que seria uma grande vantagem se não existissem as redes sociais, que também deveriam ter muitas vantagens, se não deixassem a vantagem de morar em uma cidade pequena de lado. Do mesmo modo que estou quase fazendo com o tema.
Quantos quilômetros têm da minha casa até a casa dos meus amigos? Um quilômetro ou menos provavelmente, o incrível é que estamos quase quatro semanas sem nos falarmos pessoalmente, é uma grande vergonha, eu sei, uma boa pergunta seria: Como? Afinal não dá para contar todos os “babados” pelo Whatsapp, ninguém sorrir com “kkk” ou “ashuashu”, fora que não é muito agradável digitar no teclado touch screen.
Pensei em uma solução lógica para isso, mandarei um carro de som anunciar, vou colocar ou outdoor perto de suas casas, para que todos meus amigos possam ver a seguinte frase: “Migox”, vamos comer, eu pago!
Saiam do Whatsapp, afinal, quem nega comida?

Sob a orientação da professora Gilcácia Santana


Victória Pimenta/1°lugar/música Realidade/FACE
Victória Oliveira/música O jovem/participante do FACE



Gabriel Santos/2°lugar/música Na humilde/FACE


Cleyton Ferreira/ pintura em tela Eu, a paz e a natureza/AVE



Por Ivoneide Barbosa-professora

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